Potes de leite humano são armazenados em uma geladeira especial, sendo utilizados de acordo com a necessidade
Doar é um gesto de amor. E quando esse gesto é simbolizado em gotas de leite humano que podem salvar vidas, o significado é ainda maior. A auxiliar de farmácia Nayara Laurindo, de 29 anos, teve a oportunidade de fazer parte dessa rede de solidariedade. Após o nascimento do primeiro filho, ela se tornou doadora do posto de coleta do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). A Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) do HGWA tem capacidade para receber 24 bebês — em sua maioria prematuros que precisam de cuidados intensivos.
A voluntária conta que uma das suas principais motivações foi a certeza de saber que estaria ajudando outras mães, inclusive aquelas que por algum motivo não conseguem amamentar. “Assim que soube que o HGWA estava com a necessidade de doação, não pensei duas vezes, entrei em contato, e, de prontidão, a técnica de enfermagem da sala de ordenha me atendeu de forma super acolhedora, coletou meus dados e logo os rapazes do laboratório estavam em minha residência com o material completo para que eu pudesse fazer a retirada do leite”, pontua Nayara.
Semanalmente ela chega a enviar ao menos um frasco de leite. Para ela, o sentimento é de gratidão. “Quando estamos no puerpério, ficamos bastante emotivas, e ficava pensando na bondade de Deus para comigo de poder ter gestado, parido e ser alimento e abrigo para meu filho, e logo pensei nas mães que não podiam amamentar seus filhos, não podem dar os nutrientes mais necessários que o bebê pode ter nos seus primeiros meses. Não ganha somente quem recebe a doação: quem dá recebe muito mais”, afirma.
Atualmente existem cerca de 7.560ml de leite humano pasteurizado no estoque do HGWA. O uso é de uma média de 600 a 800 ml por dia. O estoque não seria suficiente para atender a todos os bebês da unidade, se necessário. Por isso a importância de estimular a doação.
A nutricionista Fernanda Fernandes, que atua na unidade, explica que o leite materno é um alimento essencial para todos os bebês, especialmente para os bebês prematuros, com baixo peso ou patologias gastrointestinais. “Alguns bebês ficam impossibilitados, mesmo que de forma temporária, de receber leite materno, principalmente devido a problemas com a saúde da mãe, logo após o parto. Para essas crianças, o leite doado é de imensa importância, para sua nutrição e recuperação clínica e nutricional. Esse leite é pasteurizado e distribuído para os bebês que têm indicação de uso”, pontua.
A nutricionista Fernanda Fernandes explica que o leite materno doado só pode ser utilizado após a pasteurização
Diferente dos bancos de leite, o HGWA funciona como um posto de coleta. É importante saber a diferença entre eles. Tanto os bancos de leite como os postos de coleta, têm como missão a promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. Os bancos de leite humano são responsáveis pela coleta, seleção, classificação, processamento, controle de qualidade e distribuição do leite doado, além de realizar atendimentos de orientação e apoio à amamentação.
“Os postos de coleta também realizam essas atividades, exceto as etapas que correspondem ao processamento do leite, e essa é a principal diferença entre os dois tipos de serviços. Normalmente, quando o HGWA recebe a doação, ela é enviada para o processamento (pasteurização) e posterior recebimento e distribuição do leite já pasteurizado”, explica Fernandes.
A doação é de extrema importância para os bebês internados. Mães em fase de amamentação e com excedente de leite interessadas em doar podem entrar em contato com o hospital pelo número (85) 3216-8325. As voluntárias serão orientadas quanto à higiene, à ordenha e ao envio do leite humano para a unidade.
O hospital disponibiliza um colaborador para deixar o material de coleta na casa da doadora, pegando-o posteriormente. O HGWA está situado na Rua Pergentino Maia, 1559 – Messejana, Fortaleza (CE).
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