Pesquisa desenvolvida pelo anestesiologista Thyago Araújo amplia uso do monitoramento do nível de consciência em mais pacientes
Um estudo desenvolvido no Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), foi o vencedor do Prêmio Nacional União Química de incentivo à pesquisa em Anestesiologia, conquistando o primeiro lugar na categoria “Pesquisa Concluída”. A pesquisa diz respeito a uma técnica de monitoramento do nível de consciência do paciente no momento em que a cirurgia está sendo realizada.
Com o título “Montagem auricular do sensor para índice bispectral (BIS): estudo clínico analítico de concordância à montagem frontotemporal”, a pesquisa foi desenvolvida pelos médicos Thyago Araújo, Geórgia Barreto, Rogean Nunes e Sérgio Regadas. A premiação ocorreu no último dia 11 de abril, em São Paulo.
O estudo também foi a tese de doutorado de Thyago Araújo, coordenador médico do serviço de anestesiologia do Helv. O pesquisador explica que a temática do trabalho buscou utilizar um método já validado e popularizado na literatura médica. Segundo o pesquisador, a hipnose (sono) para o paciente ser submetido a um procedimento cirúrgico deve ser titulada, sendo mais suave ou intensa, de modo dinâmico, a depender da necessidade do paciente.
“Para esse acompanhamento ser seguro e adequado, usamos monitores específicos, a exemplo do índice bispectral (BIS). Qual a problemática envolvida? O monitor tem limitações de uso, havendo situações clínicas como alterações anatômicas ou tipos específicos de cirurgias, em que não é possível acoplar o eletrodo conforme determina o fabricante. Na busca de superar esse entrave, tem-se investigado há anos estratégias alternativas para o uso desse eletrodo”, detalha o médico. A adaptação dos eletrodos que vão fazer esse monitoramento é a novidade proposta.
Monitorização do nível de consciência torna a anestesia mais segura
Araújo afirma que a iniciativa do estudo é pioneira. “Conseguimos avançar no que diz respeito ao atendimento dos preceitos teóricos do eletroencefalograma e também da avaliação estatística com que foram tratados os resultados. Juntando essas duas condições, propusemos e validamos um posicionamento alternativo em que podemos ampliar significativamente a quantidade de pessoas que podem se beneficiar desse tipo de monitorização”, disse.
Ao todo, a pesquisa avaliou trinta e três pacientes em cirurgias de colecistectomia (remoção da vesícula biliar) realizadas no Helv. “Todos eles foram monitorizados simultaneamente com as duas estratégias: a convencional e a alternativa. Os dados foram compilados em diversos momentos do intraoperatório. Provamos estatisticamente que a nova estratégia proposta, no caso a montagem auricular, é concordante com a convencional, portanto não haveria prejuízo em se utilizar uma ou outra durante o ato cirúrgico”, especifica o médico Thyago Araújo.
O trabalho realizado na unidade hospitalar ajudou ainda a fundamentar a solicitação para tornar a monitorização do nível de consciência como rotina nas cirurgias realizadas em outros hospitais da Rede Sesa. O modelo já foi validado pela área técnica e aguarda os trâmites burocráticos para ser implantado nos Hospitais Geral Dr. Waldemar Alcântara e os Regionais Norte, Cariri, Vale do Jaguaribe e Sertão Central. “Isso torna a anestesia mais segura, diminuindo uma série de riscos como hipotensão, internação prolongada, distúrbios hemodinâmicos e infecções”, afirma Araújo.
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