Mais um passeio terapêutico foi oferecido aos pacientes de longa permanência internados no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), equipamento da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). A ideia desse tipo de ação é proporcionar a esses pacientes momentos interativos e que fujam da rotina. Nesta quarta-feira, 22, o destino escolhido foi a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). Foram visitados o memorial, que conta a história política do estado, e ainda o plenário.
“No HSM, uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e técnicos de enfermagem está sempre trabalhando com o objetivo de desenvolver o bem-estar e a socialização aos pacientes por meio de visitas a ambientes externos previamente escolhidos”, explica a coordenadora de Enfermagem, Renata Pinheiro.
Oito pacientes acompanhados por enfermeiros, técnicos e médicos tiveram a oportunidade de conhecer o plenário e o museu, intitulado Memorial Pontes Neto (Malce), onde é possível vivenciar a história política do Ceará, desde a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, em 1808, até a atualidade. “Os pacientes se sentiram valorizados, tiveram sua autoestima elevada pela oportunidade de passear e conhecer um ambiente novo. A receptividade na Alece foi muito calorosa, contribuindo para o bem-estar de todos eles”, afirma Renata.
Pacientes foram informados sobre história política do Ceará
O paciente D.L.B, de 35 anos, internado para tratamento de depressão grave, conta que ficou muito animado com o passeio. “Gostei muito de ver o memorial, ouvir as histórias, conhecer o plenário e como tudo funciona por lá. Foi bem diferente, chamou minha atenção. É muito bom sair do hospital um pouco, ver a cidade, as pessoas e outra realidade”, revela.
O grupo também conheceu o plenário da Assembleia Legislativa
De acordo com o psiquiatra Cláudio Leite, esse tipo de passeio, do ponto de vista médico, é muito importante, pois muitas dessas pessoas foram abandonadas por seus familiares e possuem certo prejuízo cognitivo. “Tirar um pouquinho essas pessoas da unidade hospitalar é necessário para que ‘respirem outros ares’. Para nós, cuidadores, também é muito válido, para observar como eles se comportam fora do hospital. Quando um paciente com transtorno mental é retirado do ambiente hospitalar, pode apresentar um comportamento diferente. Por isso é importante observarmos para dar o primeiro passo na desinstitucionalização dos pacientes”, ressalta.
O especialista também defende os passeios terapêuticos como uma forma de combater o estigma ao paciente com transtorno psiquiátrico. “A Assembleia Legislativa recebeu esse grupo de pacientes com transtorno mental grave e que, como todo cidadão, tem direito de conhecer e participar do que acontece na casa. Esse passeio joga luz na pauta da inclusão e combate ao estigma”, enfatiza.
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