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IA avançada ajuda a garantir a qualidade da cerveja brasileira
Com o uso de tecnologias inovadoras aliadas a ciência de dados e modelos preditivos que transformam grandes quantidades de informações agrícolas em insights acionáveis, produtores de cevada no Brasil podem atingir níveis elevados na produtividade da principal matéria prima da bebida, e assim melhorando o paladar e a experiência final dos consumidores.
21/04/2025 07h55
Por: Herbert Rodrigues Fonte: Kassiana Bonissoni - Rural Press
Foto: Divulgação

Seja para um churrasco em casa com a família, assistindo uma partida de futebol do time do coração, na praia ou em um happy hour com os amigos, a cerveja é a preferência nacional, sendo a terceira bebida mais ingerida no Brasil. Com uma média de consumo de 69,3 litros por habitante, de acordo com o Relatório Global da Kirin Holdings, o país é também o terceiro no mundo em consumo de cerveja, atrás apenas de China e Estados Unidos.

 

Toda vez que uma lata é aberta ou uma garrafa da bebida é destampada, é revelada uma longa jornada, que começa no cultivo da cevada no campo e passa por processos rigorosos de fabricação na indústria, até chegar prontinha e gelada ao copo dos consumidores. No Brasil, a cevada é a base fundamental dessa bebida tão apreciada, correspondendo entre 55% e 100% do malte usado, conforme estabelecido pela legislação local.

 

A qualidade do principal insumo é decisiva para o sabor, corpo e até a formação da espuma da cerveja. Em regiões como Campos Gerais, no Paraná, a produção de cevada vem ganhando destaque, impulsionada por investimentos significativos. Cooperativas como Bom Jesus, Capal, Castrolanda, Coopagrícola, Frísia e Agrária uniram esforços para criar uma das maiores maltarias da América Latina, aumentando consideravelmente a demanda local pela matéria-prima.

 

No entanto, o cultivo da cevada enfrenta desafios consideráveis no país, desde as condições climáticas variáveis até a seleção adequada das variedades que garantirão o alto padrão exigido pelas maltarias. Tradicionalmente, variedades importadas de países como a Argentina e o Uruguai dominam o mercado, devido à dificuldade de adaptação de cepas europeias ao clima brasileiro. Diante deste cenário, a tecnologia torna-se uma ferramenta essencial para enfrentar e superar esses desafios. Entre as inovações que estão ajudando a levar a produção e cultivo de cevada a um novo patamar de qualidade estão as soluções da agtech Calice.

 

Com atuação na Argentina e Estados Unidos, a empresa chega forte ao Brasil para modelar computacionalmente dados biológicos e agronômicos de culturas para prever e melhorar seus rendimentos, qualidades e adaptabilidade em diversos cenários ambientais. “Utilizamos inteligência artificial e modelos preditivos com a plataforma NODES™, ajudamos a identificar quais variedades de cevada melhor se adaptam às diferentes regiões brasileiras, levando em conta o clima, o solo e outras variáveis ambientais. Somado a isso, transformamos grandes quantidades de informações agrícolas em insights acionáveis. O que já fazemos em diversos países lá fora também faremos no Brasil”, destacou Mauricio Varela, Head of Business Development da empresa.

 

Tecnologia no campo

 

Com a tecnologia da Calice, os produtores de cevada podem prever o desempenho das diferentes variedades em condições específicas, aumentando as chances de obter grãos com parâmetros ideais para a malteação, como o teor adequado de proteína e alta capacidade de germinação. “Esses benefícios impactam diretamente na eficiência das maltarias e na qualidade final do malte produzido, refletindo-se diretamente no sabor, aroma e estabilidade das cervejas”, detalhou Varela.

 

Ainda segundo o especialista da Agtech, um exemplo prático poderia ser o uso dessas tecnologias no Paraná, especialmente na região de Campos Gerais, onde se testa mais de 25 novas linhagens de cevada por ano, buscando aquelas capazes de entregar a melhor qualidade possível para a produção de malte. “Esse esforço, coordenado por instituições de pesquisa como a Fundação ABC e a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa), já apresenta resultados importantes, elevando a produtividade média regional e a qualidade dos grãos produzidos”, citou.

 

Ao combinar o uso da tecnologia agrícola avançada com práticas agronômicas eficientes, as cooperativas paranaenses não apenas impulsionam a economia local, como também garantem uma cerveja brasileira cada vez melhor. “Com o auxílio de empresas como a Cálice, a tecnologia e a agricultura trabalham juntas para assegurar que cada cerveja seja não apenas refrescante, mas também fruto de uma cadeia produtiva sustentável, inovadora e de alta qualidade”, finalizou Varela.